Uma nova abordagem para o sucesso profissional
* por Tom Coelho
"Há dois tipos de pessoas: aquelas que fazem o trabalho e aquelas que ficam
com o crédito. Tente estar no primeiro grupo: há menos competição lá."
(Indira Gandhi)
Seja para construir uma carreira de sucesso ou para encontrar sua vocação e
seguir uma missão, ser competente é um pré-requisito básico.
A mais difundida definição para competências foi formulada por Scott B.
Parry, em sua obra "The quest for competencies", de 1996, em que ele diz:
"Competências é um agrupamento de conhecimentos, habilidades e atitudes
relacionados, que afeta a maior parte de uma tarefa (papel ou
responsabilidade), correlacionado à performance, que pode ser medido a
partir de parâmetros bem-aceitos, e que pode ser melhorado através de
treinamento e desenvolvimento".
Esse conceito ficou registrado no mundo acadêmico e corporativo como a Regra
do CHA.
O "C" representa o conhecimento, o saber adquirido. É o processo de
instrução e envolve formação, escolaridade, autodidatismo, leituras, cursos
e treinamentos realizados.
O "H" significa habilidade, o saber fazer. Trata-se da capacidade de
produzir a partir do conhecimento adquirido e diz respeito a ações práticas
como analisar, interpretar, compreender, julgar, planejar, administrar,
comunicar, entre tantas outras. Mediante treino, repetição e prática
constante, as habilidades podem ser desenvolvidas e lapidadas.
O "A" constitui a atitude, o querer fazer. É a decisão consciente e
emocional de agir diante dos fatos, com proatividade e assertividade.
Atitudes são constatações, favoráveis ou desfavoráveis, em relação a
objetos, pessoas ou eventos. Uma atitude é formada por três componentes:
cognição, afeto e comportamento.
Ocorre que o conceito do CHA já não responde às demandas do mundo
corporativo atual, motivo pelo qual desenvolvi um novo modelo ao qual
intitulei "Neocompetência".
Embora o conhecimento continue imprescindível, na base desta estrutura, é
importante pontuar que ele não é mais estático. Aliás, as festas de
"formatura" nas universidades deveriam ser simplesmente abolidas, porque ao
concluir um curso de graduação com quatro anos de duração, por exemplo,
muito do que foi estudado no primeiro e segundo anos já está defasado. Disso
decorre a importância da atualização, o saber aprender, representando o
desafio de ampliar o conhecimento de forma contínua, além da capacidade de
discernir sobre o que deve ou não ser aprendido dentre tantas
possibilidades.
A atitude, embora seja o elo supremo desta corrente, precisa ser referendada
pela realização, o fazer efetivamente, pois muitos que desejam não levam a
termo suas ações, capitulando e desistindo no decorrer do caminho.
Neste contexto, surge a premência da motivação, o fazer fazer. Num primeiro
instante, do ponto de vista individual, mesmo porque a motivação é um
processo pessoal, responsável pela intensidade, direção e persistência dos
esforços de uma pessoa para atingir uma determinada meta. A intensidade está
relacionada à quantidade de esforço empregado - muito ou pouco. A direção
refere-se a uma escolha qualitativa e quantitativa em face de alternativas
diversas. E a persistência reflete o tempo direcionado à prática da ação,
indicando se a pessoa desiste ou insiste no cumprimento da tarefa.
Mas para se alcançar a efetividade, precisamos empreender ações não
individualmente, mas em equipe. Neste ponto, a motivação se converte em
apoio, sustentação e, em especial, inspiração àqueles que compõem o time.
No estágio seguinte, o profissional competente compreende que conhecimento
bom é conhecimento compartilhado e que para evoluir não apenas na
hierarquia, mas nos processos de reconhecimento e de autorrealização, é
necessário ensinar aos que estão ao seu redor. É o fazer saber, por meio da
educação, disseminando experiências, comportamentos e melhores práticas.
Neste momento, surge a importância da autoconsciência de que na medida em
que ampliamos nosso espectro de conhecimentos, maior é nossa ignorância
diante do universo de possibilidades do saber. A humildade representa o
saber saber, a percepção clara e inequívoca de nossas próprias limitações e
que nos faz simultaneamente educadores e educandos, combatendo a prepotência
e a arrogância. Há que aprender, porém há também que ensinar.
A humildade leva à prática inconteste da verdade. E como não há porque
mascarar eventos ou ações passa-se a valorizar a autenticidade, o saber ser,
onde importa não o que você tem, mas quem você é. Uma característica
singular num mundo tão superficial em determinados aspectos como o que
vivenciamos atualmente.
O homem é um ser social por natureza, de modo que deve aprender não apenas a
viver, mas também saber conviver, ou seja, viver com seus pares. A isso
chamamos sociabilidade.
Por fim, a solidariedade, que remete não à solidão, mas à cooperação, à
responsabilidade e à interdependência. É a consciência plena de saber
devolver à mesma sociedade em que convivemos um pouco do que aprendemos e
somos a fim de mitigar as desigualdades.
Compreendido o conceito moderno de "competência", fica mais fácil para o
profissional definir como deve se posicionar. Há competências técnicas,
comportamentais, relacionais, valorativas e transcendentais. Mas este é
assunto para outra oportunidade.
* Tom Coelho é educador, conferencista e escritor com artigos publicados em
15 países. É autor de "Sete Vidas - Lições para construir seu equilíbrio
pessoal e profissional", pela Editora Saraiva, e coautor de outros quatro
livros. Contatos através do e-mail
tomcoelho@tomcoelho.com.br. Visite:
www.tomcoelho.com.br e
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