quinta-feira, 3 de março de 2011

Quando o líder explica, todo mundo entende

Por: Alessandra Assad*

Para ser um líder é preciso comunicar para a mente, o coração e as mãos das pessoas. Quando ouvi esta frase do grande guru Blaine Lee em uma conferência da HSM Group no final do ano passado, ficou claro que a semente que sempre trouxe comigo de forma empírica não estava indo por caminhos tortuosos. Só faltava mesmo fundamentá-la um pouco melhor com atitudes no dia-a-dia, que muitas vezes se tornam truncadas pela simples razão de existirem quando se tenta entrar no cotidiano da prática da liderança de equipes não-lineares.
Temos que entender que a realização só se faz, ela só acontece através das pessoas. E elas precisam de informações para terem noções e assumirem adequadamente as suas responsabilidades. Aliás, a responsabilidade é uma via de mão dupla e tem uma importância muito grande em todos os processos das empresas. Mas ninguém percebe isso quando você não comunica. E não estou falando de cartazes, e-mails, memorandos internos ou ainda jornais-murais, que, diga-se de passagem, têm suas funções para a comunicação corporativa e são eficazes na maior parte delas.

Decisões compartilhadas - Como líderes, ao comunicarmos qualquer informação, desde a mais irrelevante àquela que vai mudar toda a estratégia de trabalho, precisamos estar cientes de que devemos olhar nos olhos de cada um, explicar o porquê das coisas, fazê-los entender a importância que têm em todo o processo e a diferença que teremos todos da equipe no resultado final caso esta comunicação venha recheada de ruídos, sombras ou tempestades. E como fazer isso sem parar os processos, sem fazer com que as pessoas percam em produtividade, sem interromper o trabalho que estão realizando, muitas vezes apenas para comunicar que o horário dela vai mudar a partir de amanhã?
Simplesmente perguntando a que horas fica melhor para ela trocar uma idéia com você, dizendo que tem algo importante para decidirem juntos, mas que isso não pode atrapalhar a sua performance do dia. Certamente seu colaborador vai cooperar para encontrar um horário rapidamente e estará na sua sala muito antes do previsto. E o que era para ser um comunicado, pode se tornar uma solução, quando você faz com que as pessoas participem das decisões e opinem sobre elas.

Poderes e atribuições - Se você quiser ter muito sucesso, ame as pessoas e pense nelas. Mas faça com o coração, porque elas perceberão a sinceridade quando estiverem em sintonia com os seus sentimentos. Lembre-se que sem envolvimento não existe comprometimento. E o que isto representa? Representa deixar o ego do lado de fora, ter consciência de que a vaidade só atrapalha, saber que um líder não pode se esconder quando as coisas vão mal, deve ser transparente, acessível, lembrar que as pessoas gostam de carinho, também têm egos, mas que você não precisa passar as mãos na cabeça delas. Apenas falar a verdade e ter conhecimento dos seus riscos pode ser uma boa.
Conhecer seus limites, poderes e atribuições e fazer com que a equipe os conheça melhor do que você mesmo, para poder servi-los, sem dúvidas é um excelente ponto de partida para que tenhamos ordens claras com execuções precisas. Afinal, como enfatiza sempre o grande Bernardinho, “líder é aquele que tem princípios e valores que inspiram as pessoas”. E a comunicação ajuda a criar um ambiente com clima positivo no trabalho. Às vezes é melhor trabalhar de forma inteligente do que trabalhar mais.

Talvez agora você esteja pensando que chegou ao final deste artigo sem ler novidade alguma sobre liderança, não é mesmo? Mas como nosso guru Blaine Lee de bobo não tem nada, faço das palavras dele as minhas frases finais para este artigo: “saber e não fazer, é não saber. Nós, líderes, queremos a cabeça (a inteligência), o coração (as emoções que geram comprometimento) e as mãos (que executam).” Tá vendo só como é fácil? Quando alguém explica, todo mundo entende.

5 dicas para líderes aplicarem com suas equipes de trabalho:
1 – Estimular a autoconfiança
2 - Satisfazer necessidades e não vontades
3 - Fornecer aos liderados o que eles precisam, e não o que eles querem
4 - Servi-los e não querer que eles o sirvam
5 - Brigar muito mais por eles para precisar brigar muito menos com eles

*Alessandra Assad é diretora da AssimAssad Desenvolvimento Humano. Formada em Jornalismo, pós-graduada em Comunicação Audiovisual e MBA em Direção Estratégica, é professora na FGV Managenent, palestrante e colunista de vários meios de comunicação. É autora do livro Atreva-se a Mudar! – Como praticar a melhor gestão de pessoas e processos.
E-mail: alessandra@alessandraassad.com.br Site: www.alessandraassad.com.br

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